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Venezuela celebrará o aniversário do comandante Chávez durante uma semana

A comemoração do nascimento do líder acontece no momento em que seus sucessores enfrentam uma economia caótica, mas por outro lado apresentando muita firmeza ideológica e o seguimento à risca da herança política

Un hombre camina frente a un mural dedicado a Chávez en Caracas.
Un hombre camina frente a un mural dedicado a Chávez en Caracas.JUAN BARRETO (AFP)

Agora ele é chamado de “gigante”, “comandante supremo”, “líder eterno” e até de “comandante galáctico e celestial” e se fala dele no presente do indicativo, como se não tivesse morrido. “No próximo dia 28 de julho, Hugo Chávez completa 59 aninhos”, disse o presidente Nicolás Maduro antes de anunciar que a partir deste sábado e até o dia 4 de agosto o nascimento do líder será celebrado com festas populares e esquemas dignos de um Teleton latino-americano. Durante a próxima semana e as seguintes seu próprio sucessor pretende bater aleatoriamente às portas das casas para levar presentes e também a mensagem do comandante.

Trata-se de uma ofensiva, como o chavismo se orgulha em chamar, para exaltar ainda mais o líder da revolução bolivariana no púlpito do canal estatal “Venezolana de Televisión (VTV)”. Nenhuma outra vida na história da televisão venezuelana foi objeto de um culto tão sistemático por parte de uma liderança política. Na manhã de sexta-feira, 26, por exemplo, enquanto Maduro assistia em Havana à comemoração do aniversário da tomada do Quartel Moncada, a VTV dedicava boa parte de seu bloco de comerciais a relembrar a obra do governo bolivariano na voz do falecido comandante.

Uma propaganda mostra três jovens andando de bicicleta. Ao passarem em frente a um muro a câmera capta uma imagem de Chávez também sobre uma bicicleta enquanto os jovens saem do quadro. Todos os trechos juntos formam uma frase: “Chávez e Bolívar (Simón, o libertador), um só coração”.

A comemoração do nascimento do líder acontece no momento em que seus sucessores enfrentam uma economia caótica, mas por outro lado apresentando muita firmeza ideológica e o seguimento à risca da herança política. Os ministros continuam cavando uma vala entre “eles” (a oposição) e “nós”, reivindicando uma suposta justiça divina encarnada pela revolução. De acordo com essa cosmovisão, somente Chávez democratizou o acesso aos bens e lutou pelos excluídos.

Por tudo isso seu nascimento é visto como um evento de importância nacional. Sua lembrança já é um souvenir. Sua imagem é vendida em lojas de artesanato vestido com roupa de campanha e sua boina vermelha e ele também é relembrado em bustos colocados no alto da Sierra Maestra em Cuba, em terrenos em Chincha, no Peru, onde mandou construir casas destruídas por um terremoto com capital venezuelano, ou ainda em Montevidéu. No estado de Mérida, o artista plástico Israel Linares prepara um busto em tamanho natural que será apresentado nos próximos dias por trabalhadores do sindicato da saúde local. Também há uma estátua em um dos jardins de um centro comercial às margens do Paseo Los Próceres.

Ainda que não tenha sido anunciado um programa oficial, como havia prometido há algum tempo Adán Chávez, governador de Barinas e irmão do líder falecido, são esperadas comemorações espontâneas, iguais àquelas pedidas por Maduro tempos atrás: “homenageiem Chávez com alguma coisa, como músicas ou murais. Que o povo se prepare para oferecer a ele um presente da pátria. Chávez ganhou o céu por suas obras na terra”. No bairro 23 de Enero, reduto do chavismo, a mensagem foi compreendida e haverá uma celebração especial no dia 28 de julho. Juan Contreras, membro da Coordenadoria Cultural “Simón y Bolívar” e diretor da rádio “Al son del 23” preparou uma seleção de autores de muito prestígio aos olhos dos militantes mais antigos da esquerda latino-americana. Nesse domingo serão tocadas músicas dos cantores populares Alí Primera, Silvio Rodríguez e Violeta Parra e as canções de Julián Conrado, cantor das FARC preso na Venezuela. “No sábado à noite será exibida uma peça de teatro de um grupo itinerante colombiano sobre um tema político. Será o início de uma jornada que esperamos que seja continuada com fogos de artifício”, informa o dirigente.

O governo também planeja inaugurar nos próximos dias uma usina de ideias (think tank, em inglês) com o nome do tenente coronel, por seu irmão Adán. A todas estas homenagens públicas, que curiosamente, em um lapso de modéstia, foram rejeitadas por ele em discurso feito em 6 de março de 2009, somam-se expressões mais caseiras, porém muito mais intensas, por parte de seus familiares. Não faz muito tempo, María Gabriela, a filha mais extrovertida, virou noticia por ter feito uma tatuagem com a assinatura do pai. Em sua pele morena também é possível ler: “Amor mío”. “Papá”.

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