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Detidos no Brasil sete agentes por proteger traficantes

Os agentes recebiam até 150 mil dólares por ano e mesada para garantir proteção

Juan Arias

Em São Paulo, o maior estado brasileiro, com uma população similar à da Espanha, mais uma vez se repetiu o caso da raposa que vigia o galinheiro. Sete agentes da polícia, dentre eles Clemente Castilhone Júnior, chefe do Departamento de Repressão do Narcotráfico (Denarc), foram detidos e acusados de embolsar grandes somas de dinheiro de traficantes de drogas para impedir que estes fossem investigados.

Os policiais detidos e outros acusados do mesmo crime recebiam até 150 mil dólares por ano e uma mesada para garantir a proteção dos traficantes, e lhes passavam informações privilegiadas sobre operações policiais em troca de favores.

O mais curioso é que havia uma verdadeira guerra entre eles. Quando os traficantes esqueciam ou atrasavam os pagamentos, os agentes de inteligência sequestravam parentes deles para fazer chantagem e receber mais dinheiro com os sequestros. O personagem chave da operação criminosa caiu nas mãos das forças da ordem graças a uma operação do Ministério Público de São Paulo, que chegou ao grupo com a ajuda de escuta telefônica quando investigava uma quadrilha de Campinas, no interior de São Paulo.

Castillone Junior, líder dos agentes presos, era supervisor da Unidade de Inteligência do Denarc e atuava também na agência integrada de inteligência dos governos estadual e federal para combater as ondas de violência que assolam periodicamente a cidade de São Paulo. Agora, as autoridades reconhecem que o Denarc, criado há 25 anos, tem uma estrutura antiquada e está defasado com relação aos sistemas modernos de inteligência, o que permitiu abusos estes. Todos os detidos com o chefe do Denarc eram funcionários deste departamento de inteligência.

Os sete agentes detidos e outros cinco fugitivos responderão pelos delitos de sequestro, roubo, formação de quadrilha, tortura e associação para favorecer o tráfico de drogas.

Este fato tem interesse e gravidade especiais, já que há anos São Paulo é assolada por movimentos violentos nas ruas para os quais há explicações as mais diversas, sem excluir políticas para desprestigiar as autoridades do estado mais rico do país e provocar mal-estar e descontentamento popular. Agora foi exposto um dos fios que moviam esta violência, em que grandes operações do tráfico de drogas eram protegidas pelos agentes de inteligência que deviam desarticulá-las.

A corrupção endémica no país não é privilégio da classe política e está fortemente arraigada nas forças policiais, que ainda não foram modernizadas em sintonia com o crescimento econômico do país e a pujança das suas empresas. Os policiais são mal preparados e mal pagos e se veem ante as tentações da contaminação pelo tráfico.

Isso explica por que chefes importantes do tráfico continuam tranquilamente dirigindo operações para deslanchar violência nas ruas de dentro das prisões de segurança máxima. Muitas vezes eles fazem isso para desviar a atenção de operações econômicas de grande porte realizadas em conjunto por traficantes nacionais e internacionais.

Tradução: Cristina Cavalcanti

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