Juan Arias, jornalista do EL PAÍS Brasil, analisará com os leitores nessa segunda-feira a partir das 16 horas (horário de Brasília) os resultados das eleições brasileiras, que deram a vitória a presidenta Dilma Rousseff.
1Norberto de Buenos Aires27/10/2014 07:32:18
Quais foram os principais acertos e erros do discurso político dos candidatos? Por que o PSDB não conseguiu capitalizar a ideia de mudança?
Os acertos, Norberto, acredito que foram que, apesar de todas as criticas da campanha, conseguiram que as pessoas se interessassem pelas eleições, o que é muito positivo para a democracia. O final do debate da TV Globo entre os dois candidatos chegou a ter uma audiência recorde como a de grandes novelas. O erro foi ter insistido, principalmente por parte da candidata do governo (PT), na desconstrução dois candidatos e nas criticas pessoais mais que discutir os temas concretos que interessam a sociedade.
2Alicia Rossi27/10/2014 07:36:54
Boa tarde. Quais mudanças estão previstas na equipe econômica do governo? Parece claro, pela reação dos mercados hoje, que a presidenta Rousseff tem que deixar claro o antes possível quem será o seu ministro de Economia. Muito obrigada
Sem duvida, Alicia, o mais urgente para a Presidenta Dilma é conquistar os mercados que lhe são hostis e receberam mal sua vitória. Seria importante, por exemplo, que anunciasse o quanto antes quem será o novo Ministro de Economia e se está disposta a mudar a sua política económica, que dá sinais de cansaço, já que o país não está crescendo e a inflação já superou a meta oficial do governo. Com a economia patinando existe o perigo de que possa começar a aparecer o fantasma de um menor crescimento do emprego.
3Silvino27/10/2014 07:44:10
Oi Juan Arias, você não acha que uma das muitas lições que essas eleições nos pode dar é a de que a politica e todos os partidos estão reféns do populismo? Parece ser uma competição por quem oferece mais aos pobres, mas sem ter no conjunto outras demandas e carências do país como um todo.
Eu diria Silvino que são reféns dos votos e isso lhes leva a privilegiar as políticas e os temas que interessam, principalmente, a aquelas parcelas que capitalizam mais votos nas urnas, algo que se da, sobretudo, em países que ainda possuem grandes bolsas de pobreza. Com isso, os temas que podem interessar pouco a essas massas deixam de ter importância nos debates. Há dois que não apareceram nessas eleições: o meio ambiente e a política externa, dois temas chave para o Brasil.
4Anónimo27/10/2014 07:55:58
Boa tarde. Tive a sensação durante a campanha eleitoral de um posicionamento a favor de Aécio Neves por parte do EL PAÍS, principalmente com seus artigos de opinião. Se possível, gostaria que valorasse com uma nota a gestão de Dilma Rousseff em seus quatro anos de governo e destacasse o que considere que foi mais positivo e negativo durante esse período.
Você está pedindo muito, Álvaro. Resumir o positivo e o negativo de quatro anos de governo da presidenta Dilma em uma pequena resposta. No que se refere aos brasileiros, está claro que para a maioria que a elegeram o balanço de sua gestão é mais positivo que negativo. Não acredito que tenha existido no jornal um posicionamento a favor de Aécio, simplesmente houve informação, já que se tratou de um fenômeno novo. Começou com % das intenções de voto, foi atropelado pelo vendaval de Marina Silva e até lhe aconselharam a abandonar a candidatura. Não só continuou como acabou se afirmando como candidato, levando Dilma a um segundo turno e conquistando mais de milhões de voto. Com relação às análises, trata-se sempre da opinião do autor dos mesmos, nunca são neutros. São responsabilidade de quem os assina.
5Capoeira27/10/2014 08:03:41
As eleições brasileiras mostraram uma profunda brecha entre os pobres, eleitores de Rousseff, e os ricos, eleitores de Aécio Neves. Não é perigoso que uma sociedade viva uma fratura desse tipo? Obrigado e parabéns por seus artigos.
É verdade, Capoeira, que a maioria dos que votaram em Rousseff são das regiões mais pobres e menos escolarizadas, onde o Partido dos Trabalhadores tem mais eleitores. Deve-se a que é uma formação política que dá muita força a questão social. No entanto, não acredito que a divisão tenha sido tão radical. Parte da classe média também votou na Dilma, e Aécio também conseguiu votos nas classes menos favorecidas. Sem duvida, dividir a sociedade entre pobres e ricos, além de ser perigoso, é muito pouco moderno. Os próprios pobres rejeitam essa divisão, já que aspiram chegar à classe média.
6Alvaro27/10/2014 08:08:02
Boa tarde. Você acha que Aécio tem o perfil de líder da oposição ou, pelo contrario, é apenas um candidato que, por não ganhar, é esquecido com o tempo?
Não, Álvaro. Acredito que Aécio é hoje um líder importante que pode representar a oposição. Tem uma grande trajetória política, familiar e pessoal nas costas, ainda é muito jovem e, talvez, o mais positivo é que sempre se caracterizou por não fazer uma oposição raivosa, mas sim propositiva e democrática. No passado foi acusado de ser uma oposição ao PT muito fraca, inclusive por líderes do seu próprio partido.
7Joao licnersky27/10/2014 08:21:57
Como o senhor avalia o comportamento da imprensa brasileira no período pre eleitoral? Obrigado
Sempre defendi, Joao, que a imprensa brasileira é democrática, com profissionais muito preparados e com muita preocupação pelo tema da informação. Há aqui muitos congressos, inclusive internacionais, para debater a questão da informação e o seu papel na sociedade. Apesar de todas as criticas que se faz a imprensa brasileira, acredito que, no geral, vem oferecendo nessas eleições uma magnifica informação, que contribuiu, junto com a riqueza das redes sociais, para que as pessoas tenham se interessado por política, uma instituição que é, talvez, a menos valorizada entre outras instituições do país.
8Chris27/10/2014 08:30:38
Meus amigos no Brasil dizem que a corrupção cresceu bastante durante o mandato do PT e de Dilma Rousseff, e que destruíram a melhor empresa do país, a Petrobras. Você concorda?
Oi Chris. Infelizmente o tema da corrupção, que no Brasil é muito grave como está aparecendo na empresa Petrobras, que perdeu a metade do seu valor, começa a ser uma praga que afeta até as melhores democracias. É certo que o PT se envolveu em um maior número de casos de corrupção, talvez porque esteja nos no poder, mas é algo que afeta a quase todos os partidos. É o sistema político em si -com dezenas de partidos, a maioria sem ideologia e que buscam cargos e regalias em troca de apoiar o governo- que está doente e necessita de uma cura urgente.
9Mabel27/10/2014 08:37:28
Boa tarde, Juan! Hoje, Eliane Brum escreveu na versão brasileira do EL PAÍS sobre o problema de extrema gravidade que vive São Paulo, em particular, e o Brasil, no geral, que é a seca. O tema não foi discutido entre os candidatos do governo do Estado e os que buscavam a presidência. O que você acha que passa com nós, os eleitores, que não damos importância a nossos problemas mais básicos, ao ponto de não pressionar a nossos políticos? (ou, pior, lhes reelegemos, como no caso de Geraldo Alckmin)
É gravíssimo, Mabel, que no Brasil, que tem % de toda a agua potável do planeta, falte agua. Tem razão minha querida Eliane ao dizer que é incrível que os candidatos não tenham discutido, por exemplo, o tema do meio ambiente. Sempre faltou no Brasil uma verdadeira política para as aguas, que por um lado são desperdiçadas sem sentido; e, por outro, pode acabar estrangulando grandes cidades como São Paulo. A responsabilidade dos eleitores ao escolher os responsáveis por administrar a vida publica é algo antigo e não acontece só no Brasil. Os mais votados são os que apresentam o menor compromisso com a ética. É triste, más é assim.
10Alejandro27/10/2014 08:45:49
Quais são os grandes desafios do Brasil na área de política externa?
Boa pergunta, Alejandro. A política externa no Brasil teve muito prestigio internacional no passado. Era uma política de Estado, com grandes diplomatas reconhecidos por todos. Isso se foi deteriorando e acabou virando hoje uma política de partido. A presidenta Rousseff deverá abordar o quanto antes o tema da política externa, junto com a economia. O Brasil, que é quase um continente e é importante para a geopolítica mundial, necessita saber com que países deseja ter relações políticas e comerciais. Além de umas relações indispensáveis com outros países da América Latina (com todos, e não apenas com alguns), deveria, por exemplo, buscar maiores e melhores relações com a Europa e os Estados Unidos. São os jovens, por exemplo, os que mais exigem isso.
Mensaje de Despedida
Muito obrigado aos leitores pela participação. E desculpa aos meus companheiros que organizaram a conversa pelas falhas técnicas no meu computador, o que acabou duplicando o trabalho deles. Um abraço a todos do Brasil, um país que apesar de todos os seus problemas sempre acaba nos conquistando.
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