_
_
_
_

“Que me perdoem os bispos, mas a Igreja precisa sair às ruas”

Francisco se mostra provocador diante de 5.000 jovens argentinos que o aclamam

Seguidores argentinos do papa na catedral do Rio
Seguidores argentinos do papa na catedral do RioNELSON ALMEIDA (AFP)

O encontro era na catedral metropolitana do Rio de Janeiro. O papa Francisco havia ficado com 5.000 jovens argentinos — 10% dos que cruzaram a fronteira para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ)— para passarem juntos alguns minutos. Poderia ter dito a eles como vão, como estão vocês, fiquem bem e rezem por mim. Um encontro ortodoxo entre um papa de 76 anos e alguns jovens cristãos encantados por tê-lo tão perto. Mas Jorge Mario Bergoglio não é um pontífice usual, e armou mais uma. Em um momento do encontro, pediu aos jovens: “Quero que saiam às ruas para fazer confusão, quero confusão nas dioceses, quero que saiam, quero que a Igreja saia às ruas, quero que a Igreja abandone a mundanidade, a comodidade e o clericalismo, que deixemos de estar fechados em nós mesmos”. Depois, voltou-se significativamente para os prelados que o acompanhavam, e disse-lhes: “Que me perdoem os bispos e os curas se os jovens fizerem confusão, mas esse é o meu conselho…”.

O conselho requer cuidado. Porque clericalismo nada mais é do que a excessiva intervenção do clero na vida da Igreja, deixando os demais membros sem voz nem voto. O Papa, como se nota, é carregado por seus colegas afetados, cheios de si, príncipes de uma Igreja altiva e distante. De fato, os únicos calos nos quais pisou até agora foram os da Cúria de Roma, que está baixando à força dos carros oficiais e das contas secretas no banco do Vaticano. Diante de seus jovens compatriotas, mostrou-se revoltoso e feliz. Disse-lhes: “Penso que esta civilização mundial foi longe demais. É tamanho o culto feito ao deus dinheiro que estamos presenciando uma filosofia e uma exclusão dos dois polos da vida que são as promessas dos povos: os idosos e os jovens”.

Jorge Mario Bergoglio, falando sem papéis, incentivou os jovens a se valorizar, mas também a prestar atenção aos mais velhos: “Vocês, por favor, deixem os velhos falarem, escutem-nos. E digo aos velhos, não se deixem excluir. Abram a boca. Não renunciem de ser a reserva de nosso povo, transmitam a justiça, a história, os valores, a memória. Há uma espécie de eutanásia oculta, uma eutanásia cultural contra os velhos, que não têm permissão para falar e agir”.

Em um momento do encontro, e diante do fato de que —por questões de segurança — os jovens participantes estavam atrás de uma cerca, Francisco disse-lhes: “Agradeço por essa proximidade. Lamento que estejam enjaulados. Eu, às vezes, também sinto como é feio estar enjaulado… Rezem por mim, eu preciso”.

Tradução: Florencia Franco

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_