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Organização criminosa brasileira tentou entrar para a política

Ministério Público de São Paulo investiga atividades criminosas de 175 membros do PCC

Juan Arias
Presos del Pcc protestando, en 2008
Presos del Pcc protestando, en 2008AP

Uma investigação do Ministério Público do estado de São Paulo (MPE) revelou as atividades criminosas de 175 membros do temido Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que age dentro de presídios de 22 estados do país, à margem do poder do governo. A operação, que reuniu milhares de documentos e áudios, foi considerada a mais importante da história na área do crime organizado. É um raio X inédito da trama complexa do PCC que em São Paulo, por exemplo, conseguiu paralisar a cidade e provocar pânico entre a população por várias vezes.

Revelada hoje pelo jornal O Estado de São Paulo, o MPE tem evidências dos delitos cometidos pela cúpula do PCC. De dentro dos presídios, inclusive os de segurança máxima, os chefes da organização dão ordens aos seus comparsas em liberdade para cometer assassinatos, comprar armas e toneladas de cocaína e decidem sobre atentados contra policiais militares e autoridades políticas.

O que parece mais grave na investigação é que o PCC se preparava para embarcar na política apresentando candidatos ao Congresso e às prefeituras. A organização criminosa atua também na Bolívia e no Uruguai. Em São Paulo, domina 90% dos presídios e fatura cerca de oito milhões de reais por mês com a venda de drogas e outros dois milhões com loterias e contribuições voluntárias de ex-presidiários (uns cinco milhões de dólares).

A facção fatura 120 milhões de reais por ano, cerca de 60 milhões de dólares, o que coloca o PCC entre as 1.500 maiores empresas do país, segundo O Estado. A sua principal atividade é a venda de drogas, com centenas de pontos espalhados pelo país. A droga é trazida do Paraguai e da Bolívia.

A quadrilha tem um arsenal com mais de cem fuzis e tem sete milhões de reais enterrados em sete apartamentos comprados pela organização. No total, só no estado de São Paulo o PCC tem seis mil membros nos presídios e 1.600 em liberdade. Nos outros estados são 3.582.

Milhares de conversas telefónicas interceptadas nos últimos anos pela polícia revelam que a organização suborna policiais civis e militares. Tem até um Conselho de Administração e estatutos. O Conselho cuida das ações realizadas “na rua”, independentes das ações realizadas pelos detentos.

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O PCC conta também com conveniências políticas e, em ocasiões concretas, como as eleições, organiza ações para ajudar ou dificultar as forças políticas, segundo os critérios da facção. Em geral, tenta criar caos nas cidades quando não gosta dos candidatos a prefeito, por exemplo. Estes costumam ser o que a facção classifica como “de direita”.

A denúncia dos 175 membros da organização foi assinada por 23 promotores de justiça de São Paulo, que pediram a prisão preventiva de 112 acusados. Contudo, a justiça se negou a decretar a prisão dos investigados com o argumento de que é necessária uma “análise mais detalhada” das acusações.

Tradução de Cristina Cavalcanti

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