Programa eleitoral de Bolsonaro: privatizações e privilégios legais para a Polícia
O candidato ultradireitista está comprometido com uma agenda econômica liberal e defende uma visão social conservadora
O programa político de Jair Bolsonaro é chamado Para o bem do Brasil e defende a “liberdade” como princípio orientador. Economicamente, o candidato ultradireitista apresenta uma agenda liberal em favor da privatização, enquanto a proteção da família está no centro de seus planos sociais. O programa não contém nenhuma referência à comunidade LGBT ou à população negra. Bolsonaro deixa claro que no próximo ano manterá o apoio de 600 reais para os mais necessitados, medida que anunciou em julho passado. Grande parte do documento repete e amplia as ações que ele já lançou durante seu governo, sem propor grandes inovações.
Economia
Incentivar o empreendedorismo e o emprego, reduzindo a burocracia e um “mercado de trabalho seguro e flexível”, no qual nem as empresas nem os sindicatos exerçam “práticas monopolistas”. Entre os setores que recebem mais atenção estão a mineração, que ele considera “indispensável”, e o agronegócio. Ao mesmo tempo, ele defende a privatização de empresas paraestatais como a Electrobras, promovida durante seu mandato, a fim de concentrar a atenção do governo naquilo que ele considera serem suas principais responsabilidades: saúde e educação.
Impostos
Continuar com um processo de “ajuste fiscal a médio e longo prazo” para reduzir o peso da dívida. No entanto, o candidato diz que, se a economia o permitir, quer estender as isenções de imposto de renda para aqueles que ganham até 6.000 reais por mês, cerca de US$1.100.
Política social
A agenda social se concentra na família, que ele considera “a primeira e mais importante instituição para gerar vida e promover a liberdade”. Ele propõe o fortalecimento dos programas destinados às mulheres, como o prolongamento das horas de creche, para garantir “a vida desde a concepção”. Bolsonaro, um aliado dos evangélicos, destaca a luta contra a “discriminação religiosa”. Em relação aos povos indígenas, ele fala em respeitar suas tradições “desde que não violem os direitos humanos”. Por outro lado, o atual presidente esclarece que sua intenção é manter o Auxilio Brasil - o apoio mensal de 600 reais, cerca de 110 dólares - a partir de Janeiro do próximo ano.
Segurança
Investir nas capacidades da polícia e do exército, e melhorar seus salários. Além disso, Bolsonaro se propõe a resgatar um projeto de lei para flexibilizar as punições legais para os agentes se cometerem excessos no decorrer de uma operação.
Ambiente Apesar do aumento do desmatamento durante seu mandato, o programa afirma que esta é “uma questão da maior importância” para o governo. Ele se propõe
a contratar 6.000 bombeiros para combater os incêndios florestais e expandir as operações de combate ao desmatamento em todos os ecossistemas, bem como para dar incentivos econômicos às pessoas que protegem a floresta. Por outro lado, o candidato está empenhado em desenvolver o potencial energético limpo do Brasil, com a promoção de usinas eólicas offshore e hidrogênio verde.
Diplomacia
Concentrar a política externa na geração de empregos no Brasil e na atração de investimentos. Em termos de alianças multilaterais, ele procurará a entrada do Brasil na OCDE e na Associação Européia de Livre Comércio, um grupo de economias européias menores. Ele aponta para a importância de reduzir a dependência externa, a fim de ficar menos exposto ao impacto de conflitos como o da guerra na Ucrânia. Bolsonaro é um crítico frequente da Venezuela e da Nicarágua.
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