Petroleira brasileira OGX pede recuperação judicial

Empresa do magnata Eike Batista, afogada numa dívida de mais de 3,9 bilhões de euros, tem 180 dias para sair da crise

Eike BatistaFREDERIC J. BROWN (AFP)

A petroleira brasileira OGX, joia da coroa do grupo empresarial liderado pelo magnata Eike Batista, iniciou um processo de negociação com os credores, cenário prévio à bancarrota. Batista, que já foi o sétimo homem mais rico do mundo, invejado em seu país por encarnar como ninguém o chamado milagre brasileiro, enfrenta hoje o maior processo de quebra empresarial da América Latina. As ações da OGX perderam quase 100% do seu valor nos últimos meses, e nesta quarta-feira foram cotadas a 0,16 reais (sete centavos de dólar), o valor mínimo desde que entrou na bolsa. Diante da situação dramática, o ...

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A petroleira brasileira OGX, joia da coroa do grupo empresarial liderado pelo magnata Eike Batista, iniciou um processo de negociação com os credores, cenário prévio à bancarrota. Batista, que já foi o sétimo homem mais rico do mundo, invejado em seu país por encarnar como ninguém o chamado milagre brasileiro, enfrenta hoje o maior processo de quebra empresarial da América Latina. As ações da OGX perderam quase 100% do seu valor nos últimos meses, e nesta quarta-feira foram cotadas a 0,16 reais (sete centavos de dólar), o valor mínimo desde que entrou na bolsa. Diante da situação dramática, o objetivo da empresa é ganhar tempo para negociar rapidamente uma nova injeção de capital e fazer um acordo com os credores que lhe permita reestruturar a divida total, calculada em 11,2 bilhões de reais (pouco mais de 5,1 bilhões de dólares).

A OGX, de capital aberto, formada pelas sociedades OGX Petróleo e Gás Participações AS, OGX Petróleo e Gás AS, OGX Internacional e OGX Áustria, tem dívidas com os proprietários de títulos no exterior, com fornecedores e com a empresa OSX, também propriedade de Batista. No princípio deste mês a companhia comunicou ao mercado a suspensão do pagamento de 45 milhões de dólares em juros dos bônus emitidos no exterior com vencimento em 1º de outubro. A empresa se deu um prazo de 30 dias para negociar com os credores e “adotar as medidas necessárias”. As conversas, que ocorreram em Nova York e no Rio de janeiro, sede da empresa, terminaram nesta semana sem sucesso e deram lugar a um processo em que um juiz mediará as próximas assembleias de credores com o objetivo de evitar a quebra definitiva da OGX.

Quando o fiasco das negociações veio a público, os papeis da OGX caíram 20,69% na terça-feira e 26,09% no dia seguinte. Se os tribunais do Rio aceitarem a petição dos advogados da petroleira para a recuperação judicial, os acionistas minoritários não poderão vender as suas ações, que deixarão de ser negociadas na bolsa.

A OGX pertence ao conglomerado EBX e foi constituída em 2007 depois de obter o direito de explorar e extrair petróleo em 21 áreas petrolíferas no litoral brasileiro. O seu lançamento foi estrepitoso, com a venda em massa de ações que lhe rendeu uma receita de mais de 3 bilhões de dólares. Em 15 de outubro de 2010, a companhia chegou ao auge financeiro, com um valor de mercado de 75,2 bilhões de reais (mais de 34 bilhões de dólares) e ações vendidas a 23,27 reais (10,6 dólares).

A euforia começou a diminuir no ano passado, quando a empresa reconheceu que as suas previsões de extração na jazida Tubarão Azul tinham sido otimistas demais. Pouco depois, a OGX reduziu a um terço as reservas calculadas inicialmente na jazida de Tubarão Martelo. Nos dois casos, as dificuldades técnicas para extrair petróleo a vários quilômetros de profundidade em pleno oceano Atlântico foram a justificativa para a revisão para baixo das reservas calculadas.

Segundo a colunista Miriam Leitão, de O Globo, Batista “alimentou a especulação e inchou artificialmente o valor de mercado de projetos que não estavam suficientemente maduros. O governo e o mercado se equivocaram ao acreditar no seu delírio”.

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Tradução de Cristina Cavalcanti