ELEIÇÕES EM BRASIL

Bolsonaro encurta a distância sobre Lula nos inquéritos na reta final

O atual presidente subiu constantemente nas urnas depois de ter superado as expectativas no dia 2 de outubro, enquanto Lula, que ainda está à frente, perdeu terreno.

O ex-presidente brasileiro e candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (à esquerda), e seu adversário eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro, durante o primeiro debate na sede da televisão Bandeirantes, em 16 de outubro de 2022,Sebastiao Moreira (EFE)

A diferença entre o ex-presidente Lula e Bolsonaro diminuiu para apenas três pontos, de acordo com a última média das últimas pesquisas de opinião realizadas pelo EL PAIS. Se mantida, essa distância seria mais do que suficiente para lhe dar a vitória. Mas os 7,6% de eleitores indecisos que permanecem entre os prováveis eleitores estimados pelos pesquisadores de opinião impedem que se chegue a conclusões firmes.

Os resultados previstos pela média neste momento são notavelmente semelhantes aos observados nas urnas durante a primeira volta, quando cerca de 7% dos eleitores escolheram outra...

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A diferença entre o ex-presidente Lula e Bolsonaro diminuiu para apenas três pontos, de acordo com a última média das últimas pesquisas de opinião realizadas pelo EL PAIS. Se mantida, essa distância seria mais do que suficiente para lhe dar a vitória. Mas os 7,6% de eleitores indecisos que permanecem entre os prováveis eleitores estimados pelos pesquisadores de opinião impedem que se chegue a conclusões firmes.

Os resultados previstos pela média neste momento são notavelmente semelhantes aos observados nas urnas durante a primeira volta, quando cerca de 7% dos eleitores escolheram outras terceiras opções além dos dois primeiros colocados na corrida. Isso sugere que, na realidade, é nessa fração que tudo será decidido.

Mas enquanto o faz, o destilado que permanece na opinião pública é claro: a vitória de Lula não é considerada como garantida há mais de uma semana, como era comum nos meses imediatamente anteriores à eleição. E Jair Bolsonaro conseguiu tornar viável a sua candidatura. A evolução do estreitamento da distância entre os dois é uma perfeita ilustração dessa dinâmica.

Certamente, essas mudanças são, de qualquer maneira, muito menores do que as que seriam implicadas simplesmente pela alocação final a um dos dois campos (ou ao terceiro, o da abstenção) dos declarados indecisos. De certa forma, tanto a média das votações quanto o debate público em torno dela estão ampliando mudanças de magnitude mínima na população medida: apenas o equivalente proporcional de 1 em cada 50 eleitores brasileiros estaria em movimento. Isso é de se esperar em uma eleição que desde o início se caracterizou pela polarização entre duas figuras que gostam de ser apresentadas como antagônicas, provavelmente porque entendem que há potencial de mobilização: votar em mim para que nossos inimigos não ganhem. Mas mesmo na ausência dessa dinâmica mais afetiva, a ideológica ainda estaria presente. Poucas eleições no passado recente conseguiram-se apresentar ao mundo como uma corrida tão nítida entre esquerda e direita.

Por conseguinte, poucos ganharam tanta atenção fora de seu país de ocorrência. Um bom reflexo disso é a dinâmica dos principais fóruns de previsão da Internet. Metaculus (uma comunidade formada por super-previsores amadores disciplinados na tarefa de chegar a uma probabilidade diária para um determinado evento relevante) e PredictIt (um mercado onde se pode comprar ou vender ações que representam um determinado resultado: por exemplo, a vitória de Bolsonaro) têm seus respectivos telescópios abertos olhando para a corrida ao Planalto. Em ambos os casos, a vitória de Bolsonaro é agora considerada menos provável do que a de Lula. Mas, em ambos os casos, a probabilidade também mudou significativamente no último mês: a dúvida está fazendo seu caminho em resposta aos resultados de 2 de outubro e à evolução subsequente das urnas.

Neste ponto é difícil separar o ruído do sinal: não é claro se existe um pequeno grupo de eleitores respondendo à aparente renovação da viabilidade de Bolsonaro, afirmando seu voto nas urnas, mesmo que não o façam; se o contrário aconteceu com a franja fraca de Lula (a dúvida momentaneamente tomou conta deles, mesmo que volte mais tarde); ou se alguma pequena mudança na amostragem ou nos métodos produziu esse movimento. Ou se existe realmente uma tendência capturada cujo fim é incerto e, de qualquer maneira, ainda depende dos milhões de cidadãos brasileiros que ainda não decidiram (ou pelo menos é o que dizem as pesquisas) se vão escolher Lula, Bolsonaro ou abstenção.

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